Certa vez, enquanto eu ainda cursava a faculdade e minha filha tinha apenas 1 ano e 3 meses, me peguei num momento de angústia profunda. Conversava com minha coordenadora sobre a vontade que sentia de abandonar tudo. Me sentia culpada por não estar em casa na hora em que minha filha dormia. Aquela cena – ela adormecendo sem meu colo, sem meu beijo de boa noite – me corroía por dentro.
Foi então que ela me disse algo que nunca mais esqueci:
“Bem-vinda à culpa materna. Quando nasce uma mãe, nasce a culpa.”
Essa frase ficou ecoando na minha mente por dias, meses. E hoje, quero conversar com você, mãe, que talvez esteja se sentindo exatamente como eu me senti naquele momento.
Culpa Materna: Um Sentimento Coletivo
Naquela mesma conversa, minha coordenadora compartilhou suas próprias dores. Ela também sentia culpa. Trabalhava o dia todo e sua filha era cuidada por uma babá. Outra colega, que ainda nem tinha filhos, relatava o medo de engravidar justamente por temer essa culpa: a de não conseguir ser a mãe que idealizava.
Percebi ali que a culpa materna é quase um idioma secreto que todas as mães falam em silêncio. Um sentimento coletivo, que nasce no instante em que colocamos um serzinho no mundo e passamos a acreditar que deveríamos ser tudo, o tempo todo.
Mãe, Profissional, Mulher: O Dilema da Mulher Moderna
Ser mãe hoje é um desafio que vai muito além da maternidade. Somos mulheres com sonhos, planos, carreiras, vontades. Queremos ser boas mães, mas também queremos (e precisamos) investir em nós mesmas.
E aí vem o dilema: se priorizamos os filhos, sentimos que estamos negligenciando nossos sonhos. Se buscamos nossos objetivos, vem a culpa de não estarmos presentes o suficiente. É uma balança difícil de equilibrar.
Somos Humanas, Não Heroínas
A verdade é que não existe “mãe perfeita”. Existe a mãe possível, a mãe real, a mãe que faz o seu melhor dentro das suas condições.
A maternidade pode ser linda, mas também é cheia de dúvidas, medos, exaustão. E tudo bem. Não precisamos ser heroínas o tempo todo. Precisamos ser humanas.
Aceitar isso é libertador. É entender que está tudo bem chorar, desabafar, pedir ajuda. Que nosso valor como mães não está na quantidade de horas que passamos com nossos filhos, mas na qualidade da presença que oferecemos.
Qualidade é Melhor que Quantidade
Sabe qual é a verdadeira necessidade de uma criança? Ter uma mãe inteira, e não uma mãe exausta, frustrada ou infeliz.
Não adianta estar presente o dia inteiro se por dentro estamos em frangalhos. Equilíbrio é a chave.
Seu filho não precisa de uma casa cheia de brinquedos caros ou uma mãe 100% disponível 24 horas por dia. Ele precisa do seu melhor dentro do que você consegue dar. Precisa do seu amor verdadeiro, do seu olhar atento, do seu abraço sincero.
Conclusão: Vamos Tornar a Maternidade Mais Leve?
Se você sente culpa, saiba que você não está sozinha. Todas nós, em algum momento, já nos questionamos, nos cobramos, nos sentimos insuficientes.
Mas hoje eu te convido a olhar para si mesma com mais gentileza. A se permitir ser mãe e mulher. A entender que você pode ser uma excelente mãe mesmo com todas as suas imperfeições.
Vamos parar de buscar a perfeição e começar a buscar a leveza?
Seu filho precisa de você por inteira — e isso começa quando você escolhe se acolher primeiro.
E você, já se sentiu assim?
Compartilhe sua experiência aqui nos comentários. Vamos criar uma rede de apoio entre mães reais. Porque juntas, somos mais fortes.
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